segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Reencontro

Ontem tive um reencontro com uma parte de mim que eu havia esquecido. Talvez aquela onde faz morada metade da beleza que eu supunha possuir. De longe eu podia notar que os olhos dos que me viam já não demonstravam mais o mesmo encantamento. Deus, como era conveniente acreditar que a culpa era apenas deles, que não sabiam enxergar...

Nessa crença por vezes me acomodei, me aninhei... Isso porque, às vezes, o egoísmo grita tão alto que abafa a voz da consciência. Geralmente quando a gente perde (ou não ganha) algo que, no fundo, no fundo, nunca foi (ou jamais deveria ser) nosso.

E é sempre assim, enquanto o ego metralha suas vontades em caixa alta, a consciência se cala, mas não consente, apenas assume sua posição de defensora incansável do livre arbítrio. Assim ela jamais discute, e quando fala, fala baixinho - talvez por isso seja tão mais fácil ouvir o ego. Um dia, mesmo que num sussurro breve, eu a ouvi dizer nitidamente: “Quem está com a verdade não está para discussões”.

Percebo que sua total discrição está ligada ao seu intuito de não me roubar atenção, como faz o ego. Dessa maneira, me estimula a manter toda essa atenção voltada ao mundo que me cerca.

Foi dessa forma que o reencontro aconteceu. A parte de mim que eu havia esquecido era não só a parte mais bonita, mas uma das mais importantes. A única que sabia que eu estava conectada ao todo, e que assim como eu preciso dele, ele também precisa de mim.

Quando me concentro, confesso que não apenas ouço, mas vejo e sinto a verdade me martelar a cabeça. Sábia consciência que não me julgou em nada, apenas me concedeu um espelho capaz de refletir minha alma, pra que eu mesmo a julgasse.

2 comentários:

  1. Esses dias, me reencontrei também com uma parte que eu já julgava morta e enterrada. O artista que todos dizem que eu sou, mas que eu já tinha abandonado, mesmo que sem querer, mas que volta e meia me enchia o saco quando eu, de repente, me inspirava com algo para desenhar novamente, mas as ocupações diárias logo levavam embora essa inspiração. Belo texto. ;)

    ResponderExcluir
  2. Solilóquios, armas fatais. Continue assim! :)

    Gostei da postagem e espero que consiga manter uma regularidade e ampliar seu alcance na blogosfera!

    ResponderExcluir