terça-feira, 6 de março de 2012

Gramática dramática

Enquanto ela soltava o verbo, eu fazia uma oração. Oração subordinada a ser substantiva, objetiva e direta de meu principal desejo: “que ela me perdoe, que ela me perdoe, que ela me perdoe”... Ela conjugava em alto e bom som o “ir” do amor que em nós um dia se fez tão presente, e a cada pronome se mostrava cada vez mais pretérito apesar de perfeito. “Eu fui pra ti um objeto, enquanto tu... Tu foste meu amor. Ela foi só mais um, entre tantos motivos. Nós fomos o que nunca mais seremos. Vós fostes o culpado... Eles e elas foram testemunhas”. Depois passou a me atirar objetos. Objetos, direto no rosto. Objetos, direto de suas mãos suadas e trêmulas... Foi assim, quando amar tornou-se verbo transitivo em transição. E apesar de precisar, perdeu seu complemento.



Ponto final.

3 comentários:

  1. Céus... O que eu posso dizer?
    Tu é meu orgulho, só isso.
    E eu era doida pra fazer um texto que envolvesse a gramática da língua portuguesa, sabia? Pronto. Taí. Tu já realizou e eu não conseguiria chegar nem perto.

    Beijo em ti.

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