quarta-feira, 26 de outubro de 2011
A cantora
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
#Diário de Madalena
Lembro-me que na quarta ou quinta vez, não sei ao certo, prometi que não mais aconteceria. E cá estamos nós, na nonagésima quarta? Parei de contar na vigésima. Pensei nos motivos que me faziam recuar e eles não me eram suficientes. Além disso, eu não seria Madalena se cumprisse minha promessa.
Pra ele, era como se a culpa o vigiasse, mas o retrato dela no criado mudo nunca me incomodou. Cada vez fico melhor em ser o que escolhi ser. Sim, porque não culpo o destino, nem o capeta, nem o fogo da paixão que, dizem, faz você sair de si e cair em tentação. Não conheço de tentação. Conheço de escolhas.
Escolhi vê-lo chegar, pra logo depois sair. Escolhi nunca ter dia certo pra o encontrar, mas saber a hora exata de desaparecer. Escolhi não poder ligar a qualquer hora. Escolhi não cobrar, não possuir.
Cuidar pra não deixar rastros, marcas de unhas, manchas de batom. Não usar com ele o perfume de bom fixador, que ela provavelmente chamaria de “barato”. Essas são formas sutis de dizer “Eu te amo”. Ou, pra ser mais clara, mais Madalena, são formas de dizer: “Quero continuar f*dendo com você, sem f*der a sua vida”. E eu acho que ele entende (e agradece).