quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Beijei um cadáver



A boca tinha o mesmo gosto, mas o beijo já não causava o mesmo efeito. Ele não causava efeito algum. “Beijei um cadáver”, pensei. Morto por si só.

E o sereno me caiu sobre o rosto, indo em direção a boca, e era tão salgado como se água de mar fosse. Isso porque, de gaiato, misturou-se no meio do caminho às lágrimas que derramava por tudo que não sobrou de nós.

Odeio enterros. Quase sempre chove.

4 comentários:

  1. Como já dizia o Prof. Pascoal: DO CARALHO!
    Excelente sacada, draminha curtinho, suspense absoluto, conclusão surpreendente!

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  2. Junção de palavras que transpõe sentimentos de tristeza, culpa, solidão, decepção, saudade... momentos esses vividos por muitos! Incrível seu texto querida. :) Te seguindo confira também o meu "WORDS ARE LOST"

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