terça-feira, 18 de agosto de 2015

por um fio

- Espera, deixa eu ver se eu entendi, você tá me pedindo pra ir embora porque tá com medo que eu te deixe, é isso?
- Isso!
- Percebe o quanto isso não faz o menor sentido?
- Nós dois nunca fizemos sentido. Mas, sabe os segundos de tremenda agonia que a gente vive quando criança, e um dente amolece, aí amarram nele um fio dental pra arrancar? Parece que eu tô vendo você olhar pra mim, segurando aquele fiozinho, pronto pra puxar a qualquer momento...
- Eu não acredito que você tá fazendo uma comparação dessas, num momento como esse. Eu não acredito que você acha que a dor da nossa separação vai ser equivalente a dor de arrancar um dente de leite. Vou fingir que nem ouvi...
- Não é isso! Eu tô falando da angustia que antecede o fim. Às vezes, é maior e mais dolorosa do que o próprio fim. Eu prefiro te arrancar de uma vez da minha vida a viver com medo. Viu como a gente não se entende? Além do mais, eu não gosto de quem eu sou quando estou com você.
- Então não seja! Apenas não seja!
- Não dá! Você desperta o pior que existe em mim. Você não entende?
- Não, eu não entendo. Não entendo você querer me culpar por suas próprias atitudes. Você me culpa por tudo, tudo!
- Bingo! É exatamente isso! Eu não quero ser uma pessoa que responsabiliza outra pelas minhas próprias atitudes. Não quero mais ser alguém que faz você se sentir tão culpado. Ou alguém que vasculha seu telefone enquanto você toma banho. Seus bolsos, sua carteira... Não quero mais viver duvidando. Sabe, às vezes, eu paro e fico me perguntando: qual será a sensação de ouvir 'hoje vou ter que trabalhar até mais tarde' e simplesmente acreditar? Simplesmente relaxar e responder 'tudo bem, amor', sem imaginar você comendo de todas as formas possíveis "a moça que faz você se lembrar o que é ser leve"?
- Mas... Eu não... Não acredito que você realmente mexeu no meu celu...
- Amor, você ainda me ama? 
- Sim, mas...
- Então prova!
- Como?
- Puxa esse fio de uma vez!
- Eu... (...) Vou arrumar minhas coisas...

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Vá com Deus

Eu não queria sair assim, expulso da tua vida. Por entre palavras confusas e sem direção. Teus maldizeres ecoando em minha mente, dia após dia. Mesmo sabendo que há tanto bem querer no teu maldizer. Que teu ódio é só o amor que te obriguei a virar do avesso. Eu já vi e revi esse filme, tantas e tantas vezes. Desculpa. Eu te avisei que não era confiável. Que sou só um louco colecionador de desafetos. Você... É outra louca colecionadora de decepções. Não me culpe por ser o diabo que você quis abraçar. Agora, vá com Deus. Fica com a tua loucura e me deixa aqui com a minha.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Click

A vida poderia ter um controle remoto. Eu nem ia usar todos os botões. Talvez o "pause" de vez em quando. Eu usaria ele agora. Eu queria uma pausa. Uma pausa no mundo todo, porque eu não queria ficar pra trás enquanto tudo segue em frente. Eu queria que ele parasse pra mim. Aham, bem assim, egoísta. Às vezes, eu tenho vontade de ser nada, só pra não ter que lidar com tudo. Outras vezes eu tenho vontade de ser tanta coisa que dá até preguiça. Eu tenho tido tanta preguiça... Tanta preguiça de viver e de seguir em frente.  Preguiça de ser paciente. Preguiça de lidar com gente. De lidar comigo. Se bem que eu acho que a vida tem um controle remoto. Onde é que aperta pra sumir?

terça-feira, 14 de abril de 2015

Sinto muito


Estou aqui pensando em tudo pelo que quero me desculpar. Toda a dor que causamos um ao outro. Tudo o que coloquei em cima de você. Tudo o que eu precisava que você fosse, ou dissesse. Sinto muito por isso. 
Vou te amar para sempre, porque crescemos juntos. E você me ajudou a ser quem eu sou. Eu só queria que você soubesse que sempre haverá uma parte de você em mim. E sou grato por isso. Seja lá quem você se tornou, onde quer que você esteja no mundo, estou te mandando amor.
Ela, de Spike Jonze.